Um recipiente de capacidade para cem litros acomoda metalavras, papelavras, vidrolavras e plastilavras. No outro, ficam as organilavras. Com uma lista de materiais recicláveis separados entre secos e molhados, a artista Lenora de Barros organizou suas palavras e memórias em grupos e com eles criou roteiros poéticos e matizes sonoras para a performance vocal “Revirando o lixo”, em que os sons vocalizados por ela emanam de latas de lixo.
Lenora é uma das vinte artistas que participam da exposição “Reverta, um extraordinário percurso artístico e educativo pelo universo dos resíduos”, que abre dia 16 de maio na Oca, Ibirapuera, em São Paulo, e fica até 5 de julho em cartaz. “Cada lixo tem uma história”, diz a artista.
“Quisemos trazer para a mostra objetos e imagens que aparentemente não têm mais lugar no mundo”, conta Marcio Debellian, cineasta e produtor de espetáculos de música e poesia, que divide com Paulo Mendel a curadoria artística. Memórias, sinais da passagem do tempo e natureza são temas que se entrecruzam.
Assim, o painel “Vam’bora”, de Jac Leirner, traz em sequência e em escala cromática “peças do passado”, que não fazem mais sentido, pois anunciam algo que já se foi, e Marilá Dardot usa sobras de papel de livros de arte em sua instalação “As coisas estão no Mundo”.